terça-feira, 23 de abril de 2013

Selvagem, selvagem, selvagem



“Que necessidade profunda dele. 
Só quando estou em seus braços as coisas parecem direitas. 
Depois de uma hora com ele, pude continuar com o meu dia, fazendo coisas que não quero fazer, vendo pessoas 
que não me interessam.
Um quarto de hotel para mim, tem a implicação de voluptuosidade, furtiva, fugaz. 
Talvez o fato de não ver Henry tenha aumentado minha fome. 
Eu me masturbo frequentemente, com luxúria, sem remorso ou repugnância. 
Pela primeira vez sei o que é comer. Ganhei 2kg. 
Fico desesperadamente faminta, e a comida que como me dá um prazer duradouro. 
Nunca comi dessa maneira profunda e carnal. 
Só tenho três desejos agora, comer, dormir e foder. 
Os cabarés me excitam. 
Quero ouvir música rouca, ver rostos, roçar-me em corpos, beber um 
Benedictine ardente. 
Belas mulheres e homens atraentes provocam desejos em mim. 
Quero dançar. Quero drogas. Quero conhecer pessoas perversas, ser íntima 
delas. 
Nunca olho para pessoas inocentes.

Quero morder a vida, e ser despedaçada por ela. 
Henry não me dá tudo isso. Eu despertei o seu amor. 
Ele sabe foder como ninguém, mas eu quero mais do que isso.
Eu vou para o inferno, para o inferno, para o inferno. 
Selvagem, selvagem, selvagem.”


Anais Nin. Livro “Henry e June”.

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